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JESIKA APARECIDA NASCIMENTO
MAGDA BERTOLA
MARCIO MACIEL
PAULO FRANCISCO
TARDIVO
PSICOLOGIA
HUMANISTA
1.
O Humanismo
Logo
após o término da Segunda Guerra Mundial, num mundo mergulhado nas sequelas dos
conflito, sufocado numa crise geral (política, social, econômica, moral,
financeira etc.), irradia-se nos Estados Unidos da América, espraiando-se pelo
mundo inteiro. A experiência traumática da guerra gerou um ambiente de desânimo
e desespero, sentimentos que agitaram particularmente a juventude, descrente
dos valores e da capacidade humana de solucionar racionalmente as contradições
da existência e convivência. Nessa clima surge o humanismo.
1.1.
Conceituação
A Psicologia Humanista fundamenta-se
nos pressupostos da Fenomenologia e Filosofia Existencial; é centrada na pessoa
e não no comportamento, enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão
determinista. Visa à compreensão e o bem-estar da pessoa não o controle.
Segundo esta concepção, a psicologia não seria a ciência do comportamento,
seria a ciência da pessoa.
Caracteriza-se também, por uma
contínua crença nas responsabilidades do indivíduo e na sua capacidade de
prever que passos o levarão a um confronto mais decisivo com sua realidade.
Segundo esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de saber a
totalidade da dinâmica de seu comportamento e das suas percepções da realidade
e de descobrir comportamentos mais apropriados para si.
Todos os aspectos da experiência
peculiarmente humana são levados em consideração pela psicologia humanista: o
amor, o ódio, o medo, a esperança, a felicidade, o bom humor, a afeição, a
responsabilidade e o sentido da vida. Esses aspectos da existência humana não
são tratados por muitos manuais modernos de psicologia por não serem
suscetíveis de definição operacional, quantificação ou manipulação de
laboratório. Os críticos da psicologia humanista asseveram que o seu escopo
parece vago, mas isso é da natureza do movimento. Ê mais fácil descrever aquilo
a que se opõem os psicólogos humanistas do que aquilo que defendem ou como
esperam alcançar suas metas. O termo psicologia humanista veio a ter muitos
sentidos, e é improvável que uma definição explícita dele que venha a ser
formulada satisfaça mesmo uma pequena parcela das pessoas que denominam a si
mesmas ‘psicólogos humanistas.
A
psicologia humanista surge como uma reação ao determinismo dominante nas outras
práticas psicoterapêuticas, ensinando que o ser humano possui em si uma força
de auto-realização, que conduz o indivíduo ao desenvolvimento de uma
personalidade criativa e saudável. Essa força inerente a todo ser humano é
muitas vezes, no entanto, impedida por fatores externos de se desenvolver
plenamente. A psicologia humanista busca, assim, uma humanização da psique,
considerando o homem como um processo em construção, detentor de liberdade e
poder de escolha.
O primeiro teórico a desenvolver uma
teoria humanista na psicologia foi Abraham Maslow, com sua pirâmide das
necessidades. Suas ideias foram recebidas, mais tarde, por Carl Rogers na sua
terapia centrada no cliente, assumindo assim um significado prático. A tese
central de Carl Rogers é a de que o indivíduo possui possibilidades
inimagináveis de compreender-se, de modificar os conceitos que tem de simesmo,
suas posturas e seu comportamento; esse potencial pode ser liberado se a pessoa
puder ser trazida a uma situação caracterizada por um clima favorável para o
desenvolvimento psíquico.
Encontramos cinco postulados que
caracterizam a psicologia humanista: (a) uma pessoa é mais que a soma de suas
partes; (b) Nós somos afetados por nossas relações com outras pessoas; (c) O
ser humano é consciente; (d) O ser humano possui livre-arbítrio; (e) O ser
humano tem intencionalidade.
1.2.
Contextualização
histórica
O movimento que desembocou no
estabelecimento da Psicologia Humanista teve seu início no ambiente acadêmico
norte-americano do pós-guerra. Os líderes do movimento humanista levantaram
suas vozes contra a imagem de homem e de método científico defendidas pelo
Behaviorismo (Comportamentalismo) - dominante no campo da Psicologia
experimental – e contra a imagem de homem e de método terapêutico da
Psicanálise– dominantes no campo da psicoterapia.
Com
todos os movimentos da psicologia moderna, o Zeitgeist faz sentir sua
influência ao transformar antecedentes e tendências num ponto de vista efetivo.
A psicologia humanista parecia refletir a insatisfação e o desgosto veiculado
pelos jovens dos anos 60 contra os aspectos mecanicistas e materialistas da
cultura ocidental contemporânea. Dissemos que todo novo movimento usa seu
oponente mais antigo, a posição estabelecida, como base a partir da qual impele
a si mesmo para ganhar impulso. Em termos práticos, o novo movimento precisa
afirmar articuladamente e em voz alta as fraquezas da visão dominante vigente.
A psicologia humanista tinha dois desses alvos: o comportamentalismo e a
psicanálise.
Os Humanistas caracterizam o Comportamentalismo
como uma teoria em que ohomem é visto como um ser inanimado, um organismo
puramente reativo, uma coisapassiva perdida, sem responsabilidade por seu
próprio comportamento. Assim, oBehaviorismo veria o homem como um conjunto de
respostas a estímulos, ou seja, umacoleção de hábitos independentes. Mas a
Psicologia Humanista não se constituiu somente como uma reação aoBehaviorismo,
mas também como uma reação à Psicanálise, que era considerada poresta
determinista, reducionista e dogmática. A visão da natureza humana em Freud era
pessimista, fatalista eexcessivamente centrada no lado negro do ser humano.
Existem grandes resistências em se
apontar um teórico como fundador da PsicologiaHumanista, tal como foram Watson
para o Behaviorismo e Freud para a Psicanálise. Maso fato é que não se pode
falar do surgimento da auto-denominada Terceira Força emPsicologia sem atribuir
o papel principal a Abraham Maslow.
No
fim dos anos 40, Maslow era reconhecido como umtalentoso psicólogo
experimental, mas que devido a seus objetos de pesquisa não-convencionais
começava a ser marginalizado pela comunidade acadêmica, tendo porexemplo
dificuldades de publicar seus trabalhos no jornal da American
PsychologicalAssociation (APA).Maslow estava acompanhado nessa discriminação
por mais algumas pessoas que sebatiam contra o establishment behaviorista.
Então começou a compilar uma lista decorrespondência com essas pessoas que em
1954 atingia 125 nomes. O objetivo dessarede de correspondência era a troca de
trabalhos mimeografados entre eles, de modo adivulgar entre si seus trabalhos.
Maslow (1968) batizou posteriormente sua própria listade correspondência de
Rede Eupsiquiana.
No
começo dos anos 60, com a ajuda de Anthony Sutich, Maslow vai transformar uma
lista de correspondência na lista dos primeiros assinantes do
JournalofHumanisticPsychology (JHP), e poucos anos depois, na lista dos membros
fundadores da AmericanAssociation for HumanisticPsychology (AAHP). Formando um
conselho editorial que tinhacomo membros, além de Abraham Maslow, Kurt
Goldstein, Rollo May, Lewis Mumford,Erich Fromm, AndrasAngyal e Clark
Moustakas; com Sutich como editor, o primeironúmero do JHP saiu na primavera de
1961. Logo se concluiu que os assinantes daquelejornal precisavam de uma
associação própria, a AAHP, que com James Bugental comopresidente nasceu na
Filadélfia no verão de 1963, num encontro que teve 75participantes.O encontro
seguinte da AAHP em setembro de 1964 já se realizou com cerca de
200participantes, até que a emergência da Psicologia Humanista no cenário da
ciênciapsicológica se concretizou com uma conferência realizada em novembro do
mesmo ano,na cidade de OldSaybrook, Connecticut. Participaram dessa conferência
os nomes maisconhecidos entre os rebeldes contra o establishment: Maslow,
Allport, Bugental, CarlRogers, May, Moustakas, Murphy e Murray entre outros.
Outro aspecto desta questão que
merece citação aqui é o da difusão da Logoterapia (ouAnálise Existencial) de
Viktor Frankl no mesmo período do surgimento da PsicologiaHumanista. Em
Fundamentos antropológicos da psicoterapia (1978) e Em busca desentido: um
psicólogo no campo de concentração (1991) (obra clássica com muitasdiferentes
edições a partir de sua publicação logo após o término da segunda guerra)entre
outros trabalhos, Frankl expressa posições muito semelhantes em termos deimagem
de homem e de críticas à Psicanálise e ao Behaviorismo. Progressivamente,Frankl
e os Humanistas se esforçaram por aparar as arestas de suas posições e
seaproximarem teoricamente. Esses esforços surtiram muitos efeitos, de modo
que, no fimde sua vida, década de noventa, Frankl fazia parte do conselho
editorial do órgão maistradicional do movimento, o JHP, e se tornou conhecido
como um dos principais nomesdo que já vinha sendo generalizadamente denominado
psicoterapia existencialhumanista.
Contudo, infelizmente, o movimento
do potencial humano atraiu mais charlatães, praticantes bem intencionados, mas
não treinados e gurus e messias autocriados, que faziam mais mal do que bem, do
que merecia. Estudos sobre os efeitos ulteriores da participação em grupos de
encontro revelaram um aumento de taxas de baixas psicológicas de menos de 1%
para quase 50% (Hartley, Robach e Abramowitz, 1976). Muitas pessoas acreditam
que a psicologia humanista se resumia aos grupos de encontro, mas o movimento é
muito mais amplo. Trata-se de um sério estudo da natureza e da conduta humana,
e é talvez melhor representado pelas obras de Abraham Maslow e Carl Rogers.
1.3.
As
influências do Existencialismo Filosófico
Uma
questão que não pode deixar de ser abordada neste breve histórico do surgimento
da Psicologia Humanista, é a da sua relação com o Existencialismo. Os
principais proponentes da Psicologia Humanista tomaram contato com o
Existencialismo somente no final dos anos 50, quando seus pensamentos já
estavam formados. Aqui neste trabalho entraremos em contato com dois grandes
filósofos um pós: Heidegger e um contra: Sartre.
Mas a crítica principal dos
psicólogos humanistas como um todo ao Existencialismo, se dirige a Sartre e sua
proposição de que não existe qualquer essência ou realidade no conceito de
natureza humana, resultado do postulado de que no ser humano a existência
precede a essência. Os psicólogos humanistas acreditam que há uma essência
comum à espécie humana, e em geral também creem que essa essência está
alicerçada numa base biológica.
1.3.1. Jean Paul Sartre (1905-1980)
A ideia básica do existencialismo de
Sartre pode ser expressa pela frase “o homem está condenado à liberdade”. Nada
poderíamos fazer, ao ter de tomar qualquer decisão, a não ser criarmos ou
inventarmos a nossa própria saída para o possível impasse no qual estaríamos
metidos, exercendo assim nossa liberdade e, enfim, nos responsabilizando pelas
consequências de nosso ato. Ninguém poderia vir em nosso auxilio para nos
eximir, depois, da responsabilidade da decisão que tomamos. Nada ofuscaria nossa
liberdade, pois esta seria a única coisa efetivamente obrigatória em nossa
vida. Todos os nossos atos, linguísticos ou não seriam de nossa
responsabilidade, e de mais ninguém. Isso se leva a conclusão que de o outro é
meu inferno, segundo Sartre.
Para Sartre no livro “O
Existencialismo é um Humanismo” ele reflete: dizer que nós determinamos os
valores não significa outra coisa senão que a vida não tem sentido, apriori. Antes de começarmos a viver, a
vida, em si, não é nada, mas nos cabe dar-lhe sentido, e o valor da vida não é
outra coisa senão este sentido que escolhemos. Com isso existe a possibilidade
de se criar uma comunidade humana. A palavra humanismo tem dois significados:
primeiro pode-se entender uma teoria que toma o ser humano como fim ultimo e
com valor supremo; segundo o homem esta constantemente fora de si mesmo, é
projetando-se e perdendo-se fora de si que ele faz o homem existir e, por outro
lado, é perseguindo fins transcendentes que ele é capaz de seguir, sendo essa
superação e apropriando-se a objetos apenas em relação a essa superação, o
homem esta no coração, no centro dessa superação; não a outro universo senão o
universo humano, universo da subjetividade humana. Esta ligação da
transcendência, como constitutiva do homem, não no sentido em que Deus é
transcendente, mas no sentido de superação, e da subjetividade, no sentido em
que o homem não se encontra encerado nele mesmo, mas sempre presente no
universo humano, é o que denominamos de Humanismo de existencialista.
Humanismo, porque lembramos ao homem que não a outro legislador se não a ele
mesmo, e que é no desamparo que ele decidira por ele mesmo; e porque mostramos
que não é voltando para si mesmo, mas sempre buscando fora de si um fim que
consiste nessa liberação, nessa realização particular, que o homem se realizara
precisamente como humano.
1.3.2. Martin Heidegger(1889-1976)
A carta sobre o Humanismoé, portanto, a resposta dada por Heideggerás indagações
de Beaufret. Irá propor que a ética abandone o moralismo superficial e o
legalismo dos códigos de costumes e procure encontrar a sua raiz no próprio ser
humano. A partir da compreensão radical da morada do ser no homem, seria
possível entender como emerge todo os comportamento e costumes cotidianos de
cada um. Para ele, só quando o pensamento sai de um elemento próprio é que, por
perder o poder de guardar sua essência, a técnica passa a ser valorizada como
atividade cultural e a filosofia vai transformar-se e uma técnica de explicação
pelas causas últimas, numa critica direta metafísica feita por Aristóteles, que
buscava as causas ultimas das coisas. O Humanismo de fato, deveria consistir
numa meditação que preservasse o homem e sua humanidade e sua essência, que não
se resume em ser organismo animal que pensa. As mais altas determinações
humanísticas da essência do homem ainda não experimentam a dignidade
propriamente dita do homem. Ao homem cabe proteger a verdade do ser e, por
conta disso o ser não pode se identificar com o ente, tal com vem sendo feito
pela filosofia ocidental. Supõem-se que o homem possa pensar a verdade do ser a
partir da existência, isto é , daquilo que se apresenta do “ser-aí”, a própria
essência humana. Portanto o Humanismo é aquele que pensa a humanidade do homem
desde a proximidade do ser. A essência do homem reside na existência, isto é, o
Humanismo deve voltar-se não para o ente humano, mas sua existência autêntica
na verdade do ser- no- mundo.
2.
Principais
Pensadores
2.1.Abraham
Maslow (1908-1970)
Maslow
foi um psicólogo americano considerado o pai da psicologia humanista, pois foi
ele quem incentivou o movimento e conferiu-lhe um grau de respeitabilidade
acadêmica.
Nasceu no Brooklin, Nova York, em 1° de
abril de 1908. Seus pais eram semianalfabetos, mas como a família sonhava em
ter um filho advogado, ingressou na faculdade de Direito de
Nova York, o curso não o agradou, “horrível e desanimador e não tinha nada a
ver com pessoas, por isso, fiquei horrorizado e me afastei do curso.” (Hoffman,
1988, p.26). Depois dessa experiência Maslow foi estudar psicologia, e em 1934
obteve o Ph.D.
Tornou-se
um entusiasta behavorista watsoniano, mas percebeu que essas teorias eram um
pouco limitadas para lidar com os persistentes problemas dos homens. Passou então a dedicar-se aos estudos da
motivação humana e das hierarquias da necessidade do indivíduo.
Maslow
acreditava que cada indivíduo é dotado de propensão inata á auto realização. O
estado da auto realização, o mais elevado das necessidades humanas envolve o
uso ativo de todas as qualidades e habilidades, além do desenvolvimento e da
aplicação plena do potencial individual. Para o individuo atingir esse estado
ele deve estar plenamente auto realizado, satisfazendo primeiro as necessidades
inferiores até as mais elevadas. Necessidades essas que por ordem de prioridade
de satisfação são as fisiológicas, de segurança, de pertinência, de estima e de
auto realização.
Quando a necessidade não
é satisfeita, não significa que o indivíduo permanecerá eternamente frustrado.
De alguma maneira a necessidade será transferida ou compensada. Daí percebe-se
que a motivação é um estado cíclico e constante na vida pessoal.
A teoria de Maslow é conhecida como uma das
mais importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres
humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem
transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma
necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem
meios para satisfazê-la. Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento
pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
Junto com essa teoria o
Maslow fez uma pirâmide das principais aspirações do ser humano:
Embora a teoria de Maslow tenha sido considerada
uma melhoria em face das anteriores teorias da personalidade e da motivação,
ela tem seus detratores. A principal delas é que é possível uma pessoa estar
auto realizada, e não conseguir, contudo, uma total satisfação de suas
necessidades fisiológicas.
2.2.Carl
Rogers (1902 – 1987)
Conhecido
por sua abordagem popular dentro da terapia centrada na pessoa, a terapia de
Rogers expressa sua visão da personalidade humana, por colocar expressamente a
responsabilidade de melhora ao paciente, e não noterapeuta, assumia que as
pessoas seriam capazes, consciente e racionalmente, de mudar seus próprios
pensamentos e comportamento do indesejável para o desejável. Não acreditava no
ser permanentemente reprimido por forças inconscientes ou por experiências da
infância. E sim na personalidade moldada pelo presente e pela maneira como o
indivíduo percebe a circunstancia.
Carls
Rogers nasceu no estado de Chicago EUA, teve uma educação estritamente
fundamentalista, que por suas palavras, o manteve reprimido por toda sua
infância e adolescência, suas crenças religiosas e a ausência de qualquer
expressão emocional o forçou a viver sob um código que não era seu, e essas restrições
deram motivos para sua rebeldia mesmo que tardia.
Era uma criança
solitária, mas muito centrada a leitura, sua saúde era extremamente sensível, e
sua família o considerava muito nervoso, acreditava que era inferior ao sei
irmão mais velho, achando que esse irmão era o preferido dos pais, com isso
vivia em disputa, cresceu com lembranças ruins, vítima de piadas de seu irmão,
que muitas vezes beirava a crueldade, e com isso Rogers se retraia e vivia em
seu mundo de fantasia, sua solidão o forçou a depender de seus próprios
recursos e sua própria opinião a respeito do mundo, característica essa que
acabou sendo base de sua abordagem para a compreensão da personalidade humana.
Aos
12 anos, sua família mudou para uma fazenda, no qual desenvolveu um grande
interesse pela natureza, como lia muito, se interessou pelas experiências
agrícolas e sobre a abordagem científica na solução de problemas, embora essa
vida intelectual o ajudasse por um lado, de outro sua vida emocional vivia em
turbulência.
Dez
anos mais tarde, durante uma conferência estudantil cristã na China, conseguiu
se libertar do tal código fundamentalista de seus pais, e adotou uma filosofia
mais liberal para sua vida. Acreditava que as pessoas deveriam dar um rumo às
suas vidas com base na própria interpretação dos acontecimentos e não depender
da visão de outros, cada um tem que se esforçar para se tornar uma pessoa
melhor, e com esses conceitos, tornou-se base para sua teoria da personalidade.
O
rompimento com a religião dos pais foi física e emocionalmente libertador, mas
logo ao voltar da China teve uma gravíssima ulcera, no qual ficou tempo
hospitalizado, e com isso retardou seu retorno a faculdade.
Tornou-se um Ph.D em
psicologia clínica e educacional, em 1931, permaneceu nove anos na sociedade
para prevenção da crueldade contra crianças, trabalhando com crianças e
adolescentes delinqüentes e desprivilegiados, logo iniciou sua carreira
acadêmica, no qual durante esses anos desenvolveu e aprimorou a sua teoria e o
seu método de psicoterapia.
Durante
sua carreira acadêmica, em certa ocasião, cedeu ao que na época se chamava de
colapso nervoso, gerado por não ter conseguido ajudar um paciente altamente
perturbado, sua autoconfiança ficou abalada e escreveu que “tinha profunda
certeza de sua completa incapacidade como terapeuta, de sua inutilidade como
pessoa, e da falta de qualquer perspectiva futura na área da psicologia” (1967,
p.367). Mas felizmente estava errado a seu respeito.
Ressaltemos que essas
experiências clínicas, durante o desenvolvimento de sua teoria, foram
realizadas em sua maior parte com estudantes universitários, esse tipo de
indivíduo consistia basicamente em jovens inteligentes e extremamente comunicativos,
e os problemas, estavam relacionados com questões de ajuste e não de distúrbios
emocionais graves.
A
Auto-realização.
A
maior realização da personalidade é o impulso para a realização do self (Rogers, 1961). Apesar dessa
auto-realização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por experiências
da infância e por aprendizagem, Rogers concretizava a importância da relação
entre mãe e filho por ela afetar o senso de self
em evolução da criança, pois se a mãe satisfaz a necessidade de amor do
bebê, Rogers chamou isso de atenção positiva, onde o bebê provavelmente terá
uma personalidade saudável, essa atenção positiva, nada mais é do que o amor
incondicional da mãe para o bebê.
O
principal requisito para o desenvolvimento da saúde psicológica seria a atenção
positiva na infância, toda mãe demonstrar o amor e aceitação da criança,
independentemente do seu comportamento, pois recebe condições de valorização e
sendo assim é capaz de obter a auto-realização, que consiste no mais elevado
nível de saúde psicológica.
Para
Rogers, as pessoas psicologicamente saudáveis apresentavam as seguintes
características:
·
Mente aberta para aceitar qualquer tipo de
experiência e de novidades;
·
Tendência a viver plenamente cada momento;
·
Capacidade para se orientar pelos próprios
instintos e não por opiniões e razões de outras pessoas;
·
Senso de liberdade em pensamento e ação;
·
Alto grau de criatividade;
·
A necessidade contínua de maximizar o seu
potencial;
Também
descrevia as pessoas plenamente funcionais como sendo realizadoras e não
realizadas.
Essa
psicoterapia centrada na pessoa provocou grande impacto na psicologia, teve uma
rápida aceitação, em parte, voltada pelas circunstâncias do final da Segunda
Guerra, devido ao grande número de veteranos voltando de seus deveres
militares, que precisava de ajuda para ajustar suas vidas, e essa terapia
voltada à pessoa, atendeu perfeitamente as necessidades da época, que a
principio era melhorar a auto-imagem.
Para
Rogers, todo mundo tem dentro de si uma tendência de auto-realização, que nos
eleva a saúde psíquica e nos afasta da patologia, sempre buscando o equilíbrio,
sem ser conduzida pelo terapeuta, que somente assume o papel de facilitador de
diálogos, cabendo a cada pessoa alcançar a diferença entre seu ‘’ eu ideal “e de
seu “eu real”.
Em
1939, Rogers escreveu seu primeiro livro, O
Tratamento Clínico da Criança – Problema 1, em 1942 escreve o livro Psicoterapia e Consulta Psicológica2. O
período de 1945 a 1957 é para Rogers muito rico em experiências o que
resulta na publicação de uma vasta bibliografia, com destaque para a publicação
do livro Terapia Centrada no Cliente (1951), que continha sua
teoria formal sobre a terapia, sua teoria da personalidade e algumas pesquisas
que corroboravam com sua abordagem. Seu livro Tornar-se Pessoa3 (1961),
não foi escrito apenas para terapeutas, mas para todas as pessoas interessadas
em relações humanas. Apresenta sua concepção de aprendizagem no livro Liberdade
para Aprender (1969). A partir de 1972, Rogers se dedica à intervenção
e reflexão nas áreas sociais e política que resultam na elaboração do
livro Poder Pessoal (1977).
Em
1980, publica o livro Um Jeito de Ser, onde faz uma retrospectiva
da evolução de seu pensamento e atividades profissionais o que refletiu nas
mudanças de terminologia da sua obra e nesse momento Rogers não falava apenas
de psicoterapia, mas sobre um ponto de vista, uma filosofia, um jeito de ser que
se aplica a toda e qualquer situação onde se objetive o crescimento, seja de
uma pessoa, de um grupo ou de uma comunidade.
Ainda,
no livro Tornar-se Pessoa (1987)
Rogers, expõe claramente uma apresentação de si mesmo, e como ele chegou ao
pensamento e consequentemente sua visão das relações humanas foi desenvolvida a
partir da sua interpretação das experiências que vivenciou.
Nos
últimos anos de sua vida, Rogers empenha-se em grandes workshops
transculturais, de esforço ela paz, de modo que foi indicado em 1987 ao prêmio
Nobel da Paz, vindo a falecer pouco antes, aos 85 anos, ativo e perfeitamente
lúcido. Desse modo, chega ao fim de um ciclo, que se iniciara na sua juventude
dentro de uma visão religiosa estreita e se expandiu para a confiança
inabalável num futuro melhor para a humanidade, não ignorando os momentos de
dor e sofrimento que nos acompanham em todos os momentos de nossas vidas.
3.
A Influência da
Psicologia Humanista
A psicologia humanista
exibiu no início do seu desenvolvimento as mesmas características que vimos em
todos os outros novos movimentos da história da psicologia, Seus membros foram
enfáticos em apontar as fraquezas das posições mais antigas, o
comportamentalismo e a psicanálise, ambas bases sólidas a partir das quais
tomar impulso. Muitos psicólogos humanistas eram zelosos e cheios de retidão,
preparados para combater os demônios da situação estabelecida.
A abordagem de
psicoterapia centrada na pessoa desenvolvida por Carl Rogers atribui a
responsabilidade da mudança ao cliente, e não ao terapeuta. O movimento foi
formalizado com a fundação da publicação JoumalofHuinanisticPsychology em 1961,
da Associação Americana de Psicologia Humanista em 1962, e da Divisão de
Psicologia Humanista da APA em 1971. Assim, os traços distintivos de uma escola
coesa de pensamento ficaram evidentes. Os psicólogos humanistas deram sua
própria definição de psicologia, distinta da das outras duas forças do campo, e
descreveram seu próprio objeto de estudo, seus próprios métodos e sua própria
terminologia. E, sobretudo, possuíam aquilo que todas as outras escolas de
pensamento se gabavam de ter em seus primeiros dias: uma apaixonada convicção
de que o seu era o melhor caminho a ser seguido pela psicologia.
Apesar desses símbolos
e características de escola de pensamento, a psicologia humanista não se tomou
de fato uma escola. Foi esse o julgamento dos próprios psicólogos humanistas
numa reunião de 1985, quase três décadas depois do início do movimento. “A
psicologia humanista foi uma grande experiência”, disse um deles, “mas é
basicamente uma experiência fracassada, já que não há uma escola de pensamento
humanista em psicologia, nem uma teoria que possa ser reconhecida como uma
filosofia da ciência” (Cunningham, 1985, p. 18).
Carl Rogers concordou.
“A psicologia humanista não tem tido um impacto significativo sobre a corrente
principal da psicologia”, afirmou. “Somos percebidos como tendo relativa mente
pouca importância” (Cunningham, 1985, p. 16). Rogers disse aos que apoiavam a
sua posição que, se quisessem uma prova de sua afirmação, bastava que
examinassem qualquer manual introdutório de psicologia. Ali, encontrariam os
mesmos tópicos que caracterizavam a psicologia vinte e cinco anos antes, com
pouca menção à pessoa inteira. Uma análise dos manuais correntes na época
revelou que Rogers tinha razão: menos de 1% do conteúdo dos livros se ocupava
da psicologia humanista. Os poucos dados existentes falavam apenas da
hierarquia de necessidades de Maslow e da terapia centrada na pessoa de Rogers
(Churchill, 1988).
Por que a psicologia
humanista não se tomou parte da corrente principal do pensamento psicológico?
Uma das razões é que a maioria dos psicólogos humanistas trabalha em clínicas
particulares, e não em universidades. Ao contrário dos psicólogos acadêmicos,
os humanistas não fizeram o mesmo número de pesquisas nem publicaram artigos ou
treinaram novas gerações de alunos de pós-graduação para dar continuidade à sua
tradição.
Outra razão se
relaciona com o momento do seu protesto. No seu auge, os anos 60 e inicio dos 70,
os psicólogos humanistas atacavam posições que já não tinham tanta influência
na psicologia. Tanto a psicanálise freudiana como o comportamentalismo
skinneriano já tinham sido amortecidos e enfraquecidos pela divisão em seus
quadros, e ambos já estavam começando a mudar na direção indicada pelos
psicólogos humanistas. Tal como os gestaltistas ao chegarem aos Estados Unidos,
os psicólogos humanistas estavam se opondo, nos anos 60, a movimentos que já
não dominavam em sua forma original.
Embora a psicologia
humanista não tenha transformado o campo como um todo, ele reforçou a ideia,
contida na psicanálise, de que podemos consciente e livremente preferir moldar
a nossa própria vida. Ela pode ter ajudado a fortalecer o crescente
reconhecimento da consciência na psicologia acadêmica, pois foi contemporânea
do movimento cognitivo. Ela promoveu métodos terapêuticos que acentuam a auto
realização, a responsabilidade pessoal e a liberdade de escolha, bem como a
consideração da pessoa no contexto da família, do trabalho e dos ambientes
sociais. A psicologia humanista ajudou a expandir e ratificar mudanças já em
curso, e, desse ponto de vista, pode-se considerar o movimento bem-sucedido.
Referências bibliográficas
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Humanista, posicionamentosfilosóficos implícitos. Arquivos Brasileiros de
Psicologia, 41 (4).
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Frankl, V. (1991). Em busca de sentido: um
psicólogo no campo de concentração (W.Schlupp, W. e C. Aveline, Trad.).
Petrópolis: Vozes. (Original publicado em 1977).
Castañon, G. A (2007). Psicologia humanista:
a história de um dilema epistemológico.Memorandum, 12, 105-124. Retirado
em 28/05/2012, da WorldWide Webhttp://www.fafich.ufmg.br; Memorandum 12,
abril/07; Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP.
_______________ Psicologia humanista: a
história de um dilema epistemológico.Memorandum, 12, 105-124.Retirado
em 28/05/2012, da WorldWide Webhttp://www.fafich.ufmg.br; Memorandum 12,
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Maslow, A. (1968). Introdução à Psicologia
do. Rio de Janeiro:Eldorado.
SCHUTZ, Duane P.; SCHUTZ, Ellen.História da
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2009
http://www.carlrogers.org.br
www.wikipedia.org. Acessado em 24 de maio de
2012.
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