sexta-feira, 29 de junho de 2012

PSICOLOGIA HUMANISTA



                                                         CAROLINE RODRIGUES
JESIKA APARECIDA NASCIMENTO
MAGDA BERTOLA
MARCIO MACIEL
                                                    PAULO FRANCISCO TARDIVO



PSICOLOGIA HUMANISTA



1.    O Humanismo

Logo após o término da Segunda Guerra Mundial, num mundo mergulhado nas sequelas dos conflito, sufocado numa crise geral (política, social, econômica, moral, financeira etc.), irradia-se nos Estados Unidos da América, espraiando-se pelo mundo inteiro. A experiência traumática da guerra gerou um ambiente de desânimo e desespero, sentimentos que agitaram particularmente a juventude, descrente dos valores e da capacidade humana de solucionar racionalmente as contradições da existência e convivência. Nessa clima surge o humanismo.


1.1.        Conceituação


            A Psicologia Humanista fundamenta-se nos pressupostos da Fenomenologia e Filosofia Existencial; é centrada na pessoa e não no comportamento, enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão determinista. Visa à compreensão e o bem-estar da pessoa não o controle. Segundo esta concepção, a psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência da pessoa.
            Caracteriza-se também, por uma contínua crença nas responsabilidades do indivíduo e na sua capacidade de prever que passos o levarão a um confronto mais decisivo com sua realidade. Segundo esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de saber a totalidade da dinâmica de seu comportamento e das suas percepções da realidade e de descobrir comportamentos mais apropriados para si.
            Todos os aspectos da experiência peculiarmente humana são levados em consideração pela psicologia humanista: o amor, o ódio, o medo, a esperança, a felicidade, o bom humor, a afeição, a responsabilidade e o sentido da vida. Esses aspectos da existência humana não são tratados por muitos manuais modernos de psicologia por não serem suscetíveis de definição operacional, quantificação ou manipulação de laboratório. Os críticos da psicologia humanista asseveram que o seu escopo parece vago, mas isso é da natureza do movimento. Ê mais fácil descrever aquilo a que se opõem os psicólogos humanistas do que aquilo que defendem ou como esperam alcançar suas metas. O termo psicologia humanista veio a ter muitos sentidos, e é improvável que uma definição explícita dele que venha a ser formulada satisfaça mesmo uma pequena parcela das pessoas que denominam a si mesmas ‘psicólogos humanistas.
A psicologia humanista surge como uma reação ao determinismo dominante nas outras práticas psicoterapêuticas, ensinando que o ser humano possui em si uma força de auto-realização, que conduz o indivíduo ao desenvolvimento de uma personalidade criativa e saudável. Essa força inerente a todo ser humano é muitas vezes, no entanto, impedida por fatores externos de se desenvolver plenamente. A psicologia humanista busca, assim, uma humanização da psique, considerando o homem como um processo em construção, detentor de liberdade e poder de escolha.
            O primeiro teórico a desenvolver uma teoria humanista na psicologia foi Abraham Maslow, com sua pirâmide das necessidades. Suas ideias foram recebidas, mais tarde, por Carl Rogers na sua terapia centrada no cliente, assumindo assim um significado prático. A tese central de Carl Rogers é a de que o indivíduo possui possibilidades inimagináveis de compreender-se, de modificar os conceitos que tem de simesmo, suas posturas e seu comportamento; esse potencial pode ser liberado se a pessoa puder ser trazida a uma situação caracterizada por um clima favorável para o desenvolvimento psíquico.
            Encontramos cinco postulados que caracterizam a psicologia humanista: (a) uma pessoa é mais que a soma de suas partes; (b) Nós somos afetados por nossas relações com outras pessoas; (c) O ser humano é consciente; (d) O ser humano possui livre-arbítrio; (e) O ser humano tem intencionalidade.


1.2.        Contextualização histórica


            O movimento que desembocou no estabelecimento da Psicologia Humanista teve seu início no ambiente acadêmico norte-americano do pós-guerra. Os líderes do movimento humanista levantaram suas vozes contra a imagem de homem e de método científico defendidas pelo Behaviorismo (Comportamentalismo) - dominante no campo da Psicologia experimental – e contra a imagem de homem e de método terapêutico da Psicanálise– dominantes no campo da psicoterapia.
Com todos os movimentos da psicologia moderna, o Zeitgeist faz sentir sua influência ao transformar antecedentes e tendências num ponto de vista efetivo. A psicologia humanista parecia refletir a insatisfação e o desgosto veiculado pelos jovens dos anos 60 contra os aspectos mecanicistas e materialistas da cultura ocidental contemporânea. Dissemos que todo novo movimento usa seu oponente mais antigo, a posição estabelecida, como base a partir da qual impele a si mesmo para ganhar impulso. Em termos práticos, o novo movimento precisa afirmar articuladamente e em voz alta as fraquezas da visão dominante vigente. A psicologia humanista tinha dois desses alvos: o comportamentalismo e a psicanálise.
            Os Humanistas caracterizam o Comportamentalismo como uma teoria em que ohomem é visto como um ser inanimado, um organismo puramente reativo, uma coisapassiva perdida, sem responsabilidade por seu próprio comportamento. Assim, oBehaviorismo veria o homem como um conjunto de respostas a estímulos, ou seja, umacoleção de hábitos independentes. Mas a Psicologia Humanista não se constituiu somente como uma reação aoBehaviorismo, mas também como uma reação à Psicanálise, que era considerada poresta determinista, reducionista e dogmática. A visão da natureza humana em Freud era pessimista, fatalista eexcessivamente centrada no lado negro do ser humano.
            Existem grandes resistências em se apontar um teórico como fundador da PsicologiaHumanista, tal como foram Watson para o Behaviorismo e Freud para a Psicanálise. Maso fato é que não se pode falar do surgimento da auto-denominada Terceira Força emPsicologia sem atribuir o papel principal a Abraham Maslow.
No fim dos anos 40, Maslow era reconhecido como umtalentoso psicólogo experimental, mas que devido a seus objetos de pesquisa não-convencionais começava a ser marginalizado pela comunidade acadêmica, tendo porexemplo dificuldades de publicar seus trabalhos no jornal da American PsychologicalAssociation (APA).Maslow estava acompanhado nessa discriminação por mais algumas pessoas que sebatiam contra o establishment behaviorista. Então começou a compilar uma lista decorrespondência com essas pessoas que em 1954 atingia 125 nomes. O objetivo dessarede de correspondência era a troca de trabalhos mimeografados entre eles, de modo adivulgar entre si seus trabalhos. Maslow (1968) batizou posteriormente sua própria listade correspondência de Rede Eupsiquiana.
No começo dos anos 60, com a ajuda de Anthony Sutich, Maslow vai transformar uma lista de correspondência na lista dos primeiros assinantes do JournalofHumanisticPsychology (JHP), e poucos anos depois, na lista dos membros fundadores da AmericanAssociation for HumanisticPsychology (AAHP). Formando um conselho editorial que tinhacomo membros, além de Abraham Maslow, Kurt Goldstein, Rollo May, Lewis Mumford,Erich Fromm, AndrasAngyal e Clark Moustakas; com Sutich como editor, o primeironúmero do JHP saiu na primavera de 1961. Logo se concluiu que os assinantes daquelejornal precisavam de uma associação própria, a AAHP, que com James Bugental comopresidente nasceu na Filadélfia no verão de 1963, num encontro que teve 75participantes.O encontro seguinte da AAHP em setembro de 1964 já se realizou com cerca de 200participantes, até que a emergência da Psicologia Humanista no cenário da ciênciapsicológica se concretizou com uma conferência realizada em novembro do mesmo ano,na cidade de OldSaybrook, Connecticut. Participaram dessa conferência os nomes maisconhecidos entre os rebeldes contra o establishment: Maslow, Allport, Bugental, CarlRogers, May, Moustakas, Murphy e Murray entre outros.
            Outro aspecto desta questão que merece citação aqui é o da difusão da Logoterapia (ouAnálise Existencial) de Viktor Frankl no mesmo período do surgimento da PsicologiaHumanista. Em Fundamentos antropológicos da psicoterapia (1978) e Em busca desentido: um psicólogo no campo de concentração (1991) (obra clássica com muitasdiferentes edições a partir de sua publicação logo após o término da segunda guerra)entre outros trabalhos, Frankl expressa posições muito semelhantes em termos deimagem de homem e de críticas à Psicanálise e ao Behaviorismo. Progressivamente,Frankl e os Humanistas se esforçaram por aparar as arestas de suas posições e seaproximarem teoricamente. Esses esforços surtiram muitos efeitos, de modo que, no fimde sua vida, década de noventa, Frankl fazia parte do conselho editorial do órgão maistradicional do movimento, o JHP, e se tornou conhecido como um dos principais nomesdo que já vinha sendo generalizadamente denominado psicoterapia existencialhumanista.
            Contudo, infelizmente, o movimento do potencial humano atraiu mais charlatães, praticantes bem intencionados, mas não treinados e gurus e messias autocriados, que faziam mais mal do que bem, do que merecia. Estudos sobre os efeitos ulteriores da participação em grupos de encontro revelaram um aumento de taxas de baixas psicológicas de menos de 1% para quase 50% (Hartley, Robach e Abramowitz, 1976). Muitas pessoas acreditam que a psicologia humanista se resumia aos grupos de encontro, mas o movimento é muito mais amplo. Trata-se de um sério estudo da natureza e da conduta humana, e é talvez melhor representado pelas obras de Abraham Maslow e Carl Rogers.


1.3.        As influências do Existencialismo Filosófico


Uma questão que não pode deixar de ser abordada neste breve histórico do surgimento da Psicologia Humanista, é a da sua relação com o Existencialismo. Os principais proponentes da Psicologia Humanista tomaram contato com o Existencialismo somente no final dos anos 50, quando seus pensamentos já estavam formados. Aqui neste trabalho entraremos em contato com dois grandes filósofos um pós: Heidegger e um contra: Sartre.
            Mas a crítica principal dos psicólogos humanistas como um todo ao Existencialismo, se dirige a Sartre e sua proposição de que não existe qualquer essência ou realidade no conceito de natureza humana, resultado do postulado de que no ser humano a existência precede a essência. Os psicólogos humanistas acreditam que há uma essência comum à espécie humana, e em geral também creem que essa essência está alicerçada numa base biológica.


1.3.1.   Jean Paul Sartre (1905-1980)


            A ideia básica do existencialismo de Sartre pode ser expressa pela frase “o homem está condenado à liberdade”. Nada poderíamos fazer, ao ter de tomar qualquer decisão, a não ser criarmos ou inventarmos a nossa própria saída para o possível impasse no qual estaríamos metidos, exercendo assim nossa liberdade e, enfim, nos responsabilizando pelas consequências de nosso ato. Ninguém poderia vir em nosso auxilio para nos eximir, depois, da responsabilidade da decisão que tomamos. Nada ofuscaria nossa liberdade, pois esta seria a única coisa efetivamente obrigatória em nossa vida. Todos os nossos atos, linguísticos ou não seriam de nossa responsabilidade, e de mais ninguém. Isso se leva a conclusão que de o outro é meu inferno, segundo Sartre.
            Para Sartre no livro “O Existencialismo é um Humanismo” ele reflete: dizer que nós determinamos os valores não significa outra coisa senão que a vida não tem sentido, apriori. Antes de começarmos a viver, a vida, em si, não é nada, mas nos cabe dar-lhe sentido, e o valor da vida não é outra coisa senão este sentido que escolhemos. Com isso existe a possibilidade de se criar uma comunidade humana. A palavra humanismo tem dois significados: primeiro pode-se entender uma teoria que toma o ser humano como fim ultimo e com valor supremo; segundo o homem esta constantemente fora de si mesmo, é projetando-se e perdendo-se fora de si que ele faz o homem existir e, por outro lado, é perseguindo fins transcendentes que ele é capaz de seguir, sendo essa superação e apropriando-se a objetos apenas em relação a essa superação, o homem esta no coração, no centro dessa superação; não a outro universo senão o universo humano, universo da subjetividade humana. Esta ligação da transcendência, como constitutiva do homem, não no sentido em que Deus é transcendente, mas no sentido de superação, e da subjetividade, no sentido em que o homem não se encontra encerado nele mesmo, mas sempre presente no universo humano, é o que denominamos de Humanismo de existencialista. Humanismo, porque lembramos ao homem que não a outro legislador se não a ele mesmo, e que é no desamparo que ele decidira por ele mesmo; e porque mostramos que não é voltando para si mesmo, mas sempre buscando fora de si um fim que consiste nessa liberação, nessa realização particular, que o homem se realizara precisamente como humano.


1.3.2.   Martin Heidegger(1889-1976)


            A carta sobre o Humanismoé, portanto, a resposta dada por Heideggerás indagações de Beaufret. Irá propor que a ética abandone o moralismo superficial e o legalismo dos códigos de costumes e procure encontrar a sua raiz no próprio ser humano. A partir da compreensão radical da morada do ser no homem, seria possível entender como emerge todo os comportamento e costumes cotidianos de cada um. Para ele, só quando o pensamento sai de um elemento próprio é que, por perder o poder de guardar sua essência, a técnica passa a ser valorizada como atividade cultural e a filosofia vai transformar-se e uma técnica de explicação pelas causas últimas, numa critica direta metafísica feita por Aristóteles, que buscava as causas ultimas das coisas. O Humanismo de fato, deveria consistir numa meditação que preservasse o homem e sua humanidade e sua essência, que não se resume em ser organismo animal que pensa. As mais altas determinações humanísticas da essência do homem ainda não experimentam a dignidade propriamente dita do homem. Ao homem cabe proteger a verdade do ser e, por conta disso o ser não pode se identificar com o ente, tal com vem sendo feito pela filosofia ocidental. Supõem-se que o homem possa pensar a verdade do ser a partir da existência, isto é , daquilo que se apresenta do “ser-aí”, a própria essência humana. Portanto o Humanismo é aquele que pensa a humanidade do homem desde a proximidade do ser. A essência do homem reside na existência, isto é, o Humanismo deve voltar-se não para o ente humano, mas sua existência autêntica na verdade do ser- no- mundo.


2.   Principais Pensadores


2.1.Abraham Maslow (1908-1970)


Maslow foi um psicólogo americano considerado o pai da psicologia humanista, pois foi ele quem incentivou o movimento e conferiu-lhe um grau de respeitabilidade acadêmica.
Nasceu no Brooklin, Nova York, em 1° de abril de 1908. Seus pais eram semianalfabetos, mas como a família sonhava em ter um filho advogado, ingressou na faculdade de Direito de Nova York, o curso não o agradou, “horrível e desanimador e não tinha nada a ver com pessoas, por isso, fiquei horrorizado e me afastei do curso.” (Hoffman, 1988, p.26). Depois dessa experiência Maslow foi estudar psicologia, e em 1934 obteve o Ph.D.
Tornou-se um entusiasta behavorista watsoniano, mas percebeu que essas teorias eram um pouco limitadas para lidar com os persistentes problemas dos homens. Passou então a dedicar-se aos estudos da motivação humana e das hierarquias da necessidade do indivíduo.
Maslow acreditava que cada indivíduo é dotado de propensão inata á auto realização. O estado da auto realização, o mais elevado das necessidades humanas envolve o uso ativo de todas as qualidades e habilidades, além do desenvolvimento e da aplicação plena do potencial individual. Para o individuo atingir esse estado ele deve estar plenamente auto realizado, satisfazendo primeiro as necessidades inferiores até as mais elevadas. Necessidades essas que por ordem de prioridade de satisfação são as fisiológicas, de segurança, de pertinência, de estima e de auto realização.
Quando a necessidade não é satisfeita, não significa que o indivíduo permanecerá eternamente frustrado. De alguma maneira a necessidade será transferida ou compensada. Daí percebe-se que a motivação é um estado cíclico e constante na vida pessoal.
A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la. Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
Junto com essa teoria o Maslow fez uma pirâmide das principais aspirações do ser humano:



Embora a teoria de Maslow tenha sido considerada uma melhoria em face das anteriores teorias da personalidade e da motivação, ela tem seus detratores. A principal delas é que é possível uma pessoa estar auto realizada, e não conseguir, contudo, uma total satisfação de suas necessidades fisiológicas.




2.2.Carl Rogers (1902 – 1987)

Conhecido por sua abordagem popular dentro da terapia centrada na pessoa, a terapia de Rogers expressa sua visão da personalidade humana, por colocar expressamente a responsabilidade de melhora ao paciente, e não noterapeuta, assumia que as pessoas seriam capazes, consciente e racionalmente, de mudar seus próprios pensamentos e comportamento do indesejável para o desejável. Não acreditava no ser permanentemente reprimido por forças inconscientes ou por experiências da infância. E sim na personalidade moldada pelo presente e pela maneira como o indivíduo percebe a circunstancia.
Carls Rogers nasceu no estado de Chicago EUA, teve uma educação estritamente fundamentalista, que por suas palavras, o manteve reprimido por toda sua infância e adolescência, suas crenças religiosas e a ausência de qualquer expressão emocional o forçou a viver sob um código que não era seu, e essas restrições deram motivos para sua rebeldia mesmo que tardia.
Era uma criança solitária, mas muito centrada a leitura, sua saúde era extremamente sensível, e sua família o considerava muito nervoso, acreditava que era inferior ao sei irmão mais velho, achando que esse irmão era o preferido dos pais, com isso vivia em disputa, cresceu com lembranças ruins, vítima de piadas de seu irmão, que muitas vezes beirava a crueldade, e com isso Rogers se retraia e vivia em seu mundo de fantasia, sua solidão o forçou a depender de seus próprios recursos e sua própria opinião a respeito do mundo, característica essa que acabou sendo base de sua abordagem para a compreensão da personalidade humana.
Aos 12 anos, sua família mudou para uma fazenda, no qual desenvolveu um grande interesse pela natureza, como lia muito, se interessou pelas experiências agrícolas e sobre a abordagem científica na solução de problemas, embora essa vida intelectual o ajudasse por um lado, de outro sua vida emocional vivia em turbulência.
Dez anos mais tarde, durante uma conferência estudantil cristã na China, conseguiu se libertar do tal código fundamentalista de seus pais, e adotou uma filosofia mais liberal para sua vida. Acreditava que as pessoas deveriam dar um rumo às suas vidas com base na própria interpretação dos acontecimentos e não depender da visão de outros, cada um tem que se esforçar para se tornar uma pessoa melhor, e com esses conceitos, tornou-se base para sua teoria da personalidade.
O rompimento com a religião dos pais foi física e emocionalmente libertador, mas logo ao voltar da China teve uma gravíssima ulcera, no qual ficou tempo hospitalizado, e com isso retardou seu retorno a faculdade.
Tornou-se um Ph.D em psicologia clínica e educacional, em 1931, permaneceu nove anos na sociedade para prevenção da crueldade contra crianças, trabalhando com crianças e adolescentes delinqüentes e desprivilegiados, logo iniciou sua carreira acadêmica, no qual durante esses anos desenvolveu e aprimorou a sua teoria e o seu método de psicoterapia.
Durante sua carreira acadêmica, em certa ocasião, cedeu ao que na época se chamava de colapso nervoso, gerado por não ter conseguido ajudar um paciente altamente perturbado, sua autoconfiança ficou abalada e escreveu que “tinha profunda certeza de sua completa incapacidade como terapeuta, de sua inutilidade como pessoa, e da falta de qualquer perspectiva futura na área da psicologia” (1967, p.367). Mas felizmente estava errado a seu respeito.
Ressaltemos que essas experiências clínicas, durante o desenvolvimento de sua teoria, foram realizadas em sua maior parte com estudantes universitários, esse tipo de indivíduo consistia basicamente em jovens inteligentes e extremamente comunicativos, e os problemas, estavam relacionados com questões de ajuste e não de distúrbios emocionais graves.
A Auto-realização.
A maior realização da personalidade é o impulso para a realização do self (Rogers, 1961). Apesar dessa auto-realização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por experiências da infância e por aprendizagem, Rogers concretizava a importância da relação entre mãe e filho por ela afetar o senso de self em evolução da criança, pois se a mãe satisfaz a necessidade de amor do bebê, Rogers chamou isso de atenção positiva, onde o bebê provavelmente terá uma personalidade saudável, essa atenção positiva, nada mais é do que o amor incondicional da mãe para o bebê.
O principal requisito para o desenvolvimento da saúde psicológica seria a atenção positiva na infância, toda mãe demonstrar o amor e aceitação da criança, independentemente do seu comportamento, pois recebe condições de valorização e sendo assim é capaz de obter a auto-realização, que consiste no mais elevado nível de saúde psicológica.
Para Rogers, as pessoas psicologicamente saudáveis apresentavam as seguintes características:
·         Mente aberta para aceitar qualquer tipo de experiência e de novidades;
·         Tendência a viver plenamente cada momento;
·         Capacidade para se orientar pelos próprios instintos e não por opiniões e razões de outras pessoas;
·         Senso de liberdade em pensamento e ação;
·         Alto grau de criatividade;
·         A necessidade contínua de maximizar o seu potencial;
Também descrevia as pessoas plenamente funcionais como sendo realizadoras e não realizadas.
Essa psicoterapia centrada na pessoa provocou grande impacto na psicologia, teve uma rápida aceitação, em parte, voltada pelas circunstâncias do final da Segunda Guerra, devido ao grande número de veteranos voltando de seus deveres militares, que precisava de ajuda para ajustar suas vidas, e essa terapia voltada à pessoa, atendeu perfeitamente as necessidades da época, que a principio era melhorar a auto-imagem.
Para Rogers, todo mundo tem dentro de si uma tendência de auto-realização, que nos eleva a saúde psíquica e nos afasta da patologia, sempre buscando o equilíbrio, sem ser conduzida pelo terapeuta, que somente assume o papel de facilitador de diálogos, cabendo a cada pessoa alcançar a diferença entre seu ‘’ eu ideal “e de seu “eu real”.
Em 1939, Rogers escreveu seu primeiro livro, O Tratamento Clínico da Criança – Problema 1, em 1942 escreve o livro Psicoterapia e Consulta Psicológica2. O período de 1945 a 1957 é para Rogers muito rico em experiências o que resulta na publicação de uma vasta bibliografia, com destaque para a publicação do livro Terapia Centrada no Cliente (1951), que continha sua teoria formal sobre a terapia, sua teoria da personalidade e algumas pesquisas que corroboravam com sua abordagem. Seu livro Tornar-se Pessoa3 (1961), não foi escrito apenas para terapeutas, mas para todas as pessoas interessadas em relações humanas. Apresenta sua concepção de aprendizagem no livro Liberdade para Aprender (1969). A partir de 1972, Rogers se dedica à intervenção e reflexão nas áreas sociais e política que resultam na elaboração do livro Poder Pessoal (1977).
Em 1980, publica o livro Um Jeito de Ser, onde faz uma retrospectiva da evolução de seu pensamento e atividades profissionais o que refletiu nas mudanças de terminologia da sua obra e nesse momento Rogers não falava apenas de psicoterapia, mas sobre um ponto de vista, uma filosofia, um jeito de ser que se aplica a toda e qualquer situação onde se objetive o crescimento, seja de uma pessoa, de um grupo ou de uma comunidade.
Ainda, no livro Tornar-se Pessoa (1987) Rogers, expõe claramente uma apresentação de si mesmo, e como ele chegou ao pensamento e consequentemente sua visão das relações humanas foi desenvolvida a partir da sua interpretação das experiências que vivenciou.
Nos últimos anos de sua vida, Rogers empenha-se em grandes workshops transculturais, de esforço ela paz, de modo que foi indicado em 1987 ao prêmio Nobel da Paz, vindo a falecer pouco antes, aos 85 anos, ativo e perfeitamente lúcido. Desse modo, chega ao fim de um ciclo, que se iniciara na sua juventude dentro de uma visão religiosa estreita e se expandiu para a confiança inabalável num futuro melhor para a humanidade, não ignorando os momentos de dor e sofrimento que nos acompanham em todos os momentos de nossas vidas.



3.    A Influência da Psicologia Humanista

A psicologia humanista exibiu no início do seu desenvolvimento as mesmas características que vimos em todos os outros novos movimentos da história da psicologia, Seus membros foram enfáticos em apontar as fraquezas das posições mais antigas, o comportamentalismo e a psicanálise, ambas bases sólidas a partir das quais tomar impulso. Muitos psicólogos humanistas eram zelosos e cheios de retidão, preparados para combater os demônios da situação estabelecida.
A abordagem de psicoterapia centrada na pessoa desenvolvida por Carl Rogers atribui a responsabilidade da mudança ao cliente, e não ao terapeuta. O movimento foi formalizado com a fundação da publicação JoumalofHuinanisticPsychology em 1961, da Associação Americana de Psicologia Humanista em 1962, e da Divisão de Psicologia Humanista da APA em 1971. Assim, os traços distintivos de uma escola coesa de pensamento ficaram evidentes. Os psicólogos humanistas deram sua própria definição de psicologia, distinta da das outras duas forças do campo, e descreveram seu próprio objeto de estudo, seus próprios métodos e sua própria terminologia. E, sobretudo, possuíam aquilo que todas as outras escolas de pensamento se gabavam de ter em seus primeiros dias: uma apaixonada convicção de que o seu era o melhor caminho a ser seguido pela psicologia.
Apesar desses símbolos e características de escola de pensamento, a psicologia humanista não se tomou de fato uma escola. Foi esse o julgamento dos próprios psicólogos humanistas numa reunião de 1985, quase três décadas depois do início do movimento. “A psicologia humanista foi uma grande experiência”, disse um deles, “mas é basicamente uma experiência fracassada, já que não há uma escola de pensamento humanista em psicologia, nem uma teoria que possa ser reconhecida como uma filosofia da ciência” (Cunningham, 1985, p. 18).
Carl Rogers concordou. “A psicologia humanista não tem tido um impacto significativo sobre a corrente principal da psicologia”, afirmou. “Somos percebidos como tendo relativa mente pouca importância” (Cunningham, 1985, p. 16). Rogers disse aos que apoiavam a sua posição que, se quisessem uma prova de sua afirmação, bastava que examinassem qualquer manual introdutório de psicologia. Ali, encontrariam os mesmos tópicos que caracterizavam a psicologia vinte e cinco anos antes, com pouca menção à pessoa inteira. Uma análise dos manuais correntes na época revelou que Rogers tinha razão: menos de 1% do conteúdo dos livros se ocupava da psicologia humanista. Os poucos dados existentes falavam apenas da hierarquia de necessidades de Maslow e da terapia centrada na pessoa de Rogers (Churchill, 1988).
Por que a psicologia humanista não se tomou parte da corrente principal do pensamento psicológico? Uma das razões é que a maioria dos psicólogos humanistas trabalha em clínicas particulares, e não em universidades. Ao contrário dos psicólogos acadêmicos, os humanistas não fizeram o mesmo número de pesquisas nem publicaram artigos ou treinaram novas gerações de alunos de pós-graduação para dar continuidade à sua tradição.
Outra razão se relaciona com o momento do seu protesto. No seu auge, os anos 60 e inicio dos 70, os psicólogos humanistas atacavam posições que já não tinham tanta influência na psicologia. Tanto a psicanálise freudiana como o comportamentalismo skinneriano já tinham sido amortecidos e enfraquecidos pela divisão em seus quadros, e ambos já estavam começando a mudar na direção indicada pelos psicólogos humanistas. Tal como os gestaltistas ao chegarem aos Estados Unidos, os psicólogos humanistas estavam se opondo, nos anos 60, a movimentos que já não dominavam em sua forma original.
Embora a psicologia humanista não tenha transformado o campo como um todo, ele reforçou a ideia, contida na psicanálise, de que podemos consciente e livremente preferir moldar a nossa própria vida. Ela pode ter ajudado a fortalecer o crescente reconhecimento da consciência na psicologia acadêmica, pois foi contemporânea do movimento cognitivo. Ela promoveu métodos terapêuticos que acentuam a auto realização, a responsabilidade pessoal e a liberdade de escolha, bem como a consideração da pessoa no contexto da família, do trabalho e dos ambientes sociais. A psicologia humanista ajudou a expandir e ratificar mudanças já em curso, e, desse ponto de vista, pode-se considerar o movimento bem-sucedido.


Referências bibliográficas

Amatuzzi, M. M. (1989). O significado da Psicologia Humanista, posicionamentosfilosóficos implícitos. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 41 (4).

Castañon, G. (2007). O Cognitivismo é um Humanismo. Revista Psicologia Argumento.

Frankl, V. (1991). Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração (W.Schlupp, W. e C. Aveline, Trad.). Petrópolis: Vozes. (Original publicado em 1977).

Castañon, G. A (2007). Psicologia humanista: a história de um dilema epistemológico.Memorandum, 12, 105-124. Retirado em 28/05/2012, da WorldWide Webhttp://www.fafich.ufmg.br; Memorandum 12, abril/07; Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP.

_______________ Psicologia humanista: a história de um dilema epistemológico.Memorandum, 12, 105-124.Retirado em 28/05/2012, da WorldWide Webhttp://www.fafich.ufmg.br; Memorandum 12, abril/07; Belo Horizonte: UFMG; Ribeirão Preto: USP.

Maslow, A. (1968). Introdução à Psicologia do. Rio de Janeiro:Eldorado.

SCHUTZ, Duane P.; SCHUTZ, Ellen.História da Psicologia Moderna. Tradução da 9ª ednorteamericana. Editora Cengage Learning. 2009

http://www.carlrogers.org.br

www.wikipedia.org. Acessado em 24 de maio de 2012.

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